Denilson Baniwa's profile

Pequenas crônicas de uma cidade-memória, 2021

A cidade do Rio de Janeiro abriga em suas ruas, aterros de rios e enseadas, histórias da construção do Brasil. Em cada camada de solo, asfalto, pedras e areia se atropelam memórias de resistência, reconstrução e transformações da geografia, do tempo e da paisagem social. Uma (das várias) cabeça mumificada, arquivada pelo Museu Nacional, foi testemunha do nascimento deste país. Perdida para sempre nas cinzas do incêndio de 2018, já não está presa entre as paredes da vitrine que a enclausurava e agora livre, ela passeia pela cidade e revê̂ antigos lugares que conhecia antes de sua prisão museológica. Se considerarmos os acervos de museus coloniais como presos políticos ou em exílio sem chances de retorno ao seu lugar. 

E se o incêndio fosse o habeas corpus desses presos políticos, e agora livres pudessem voltar aos seus lugares de origem? Mas neste retorno após tantos anos em cárcere não reconhecem os lugares de onde vieram? Alguns pensamentos sobre colonização, rapto de memórias, identidades e tempo. Após capturar paisagens sonoras e visuais de uma cidade em transformação as mixa com memórias antigas. 
De volta (agora por vontade própria) a uma exposição no Rio de Janeiro, re-transformada traz pequenas crônicas da mudança de tempo e paisagem carioca onde quem sabe possamos começar um debate sobre reconstrução, tempo e outros corpos. 

Pequenas crônicas de uma cidade-memória, 2021. 
Denilson Baniwa 
Peça 1 : Cabeça - Memória. Epoxi, Penas de pássaros, canudos de plástico, microfones cardioide, microfones shotgun, gravador de áudio, auto-falantes, cabos e conectores de áudio. 
Peça 2: Tramas. Balaio de arumã Baniwa, auto-falantes e áudios stereos com duração de 40min em looping, captados em lugares do Rio de Janeiro onde houve confrontos entre indígenas e colonizadores europeus. Lugares onde foram capturados os áudios: Cinelândia, Largo da Carioca, Saara, Largo de São Francisco de Paula, Campo de Santana, Avenida Pres Vargas, Candelária, Outeiro da Glória, Feira da Glória, Praça do Russel, Catete, Praça XV 

Agradeço demais a todes: Marcelo Campos, Amanda Bonan, Rafa Campos, Stella Paiva, Julia Baker e toda a equipe do MAR. 
Exposição Crônicas Cariocas 
Em cartaz no Museu de Arte do Rio. 
Até julho de 2022 
Funcionamento: quinta a domingo, das 11h às 18h (entrada até as 17h15)
Pequenas crônicas de uma cidade-memória, 2021
Published:

Pequenas crônicas de uma cidade-memória, 2021

Published: